domingo, dezembro 10, 2006

Antes que digas qualquer coisa, antes que penses sequer em barafustar qualquer coisa, deixa-me dar-te a conhecer o seguinte, escrevo-te não, porque te preciso mas porque tenho as mãos frias. Agora, podes nunca ler estas linhas, podes nem chegar a ver a tinta desta caneta mas deixa-me escrever-te:

Mas, já viste que há sempre um “mas”? Eu até podia gostar de ti mas tu foste, partiste, fugiste, despediste-te, ausentaste-te de mim, definitivamente, e enquanto te ocupas de todos esses assunto interessantes, eu, continuo aqui. Ao fundo do sofá, permanece ainda o bom Gatão servido bem fresco, que tu dizias acompanhar melhor qualquer mixórdia do que aquelas minhas tardes de amor, minhas sim, porque tu nunca as quiseste, sempre fizeste questão de nunca estar nelas e tudo. O leitor de DVD continua a piscar aquele simpático “olá” em ânsias para que carregue no botão, o tapete vai perdendo a cor de tanta espera e as pipocas no microondas deixaram de saltar devido à impaciência, ainda tenho por ali aquele bocadinho de mim que ainda aceitava que fingisses que o querias mais e mais que tudo, talvez ele, porque eu não, te aceite se o subornares docilmente.

O nosso amigo, sempre acabou por desistir de me tentar convencer de que te amava, e ainda bem porque não fazia qualquer sentido.

Tenho de te contar esta, o miminho, o gato palerma de pêlo caramelo farfalhudo deixou de ter medo da trovoado e do fogo de artificio e incrivelmente sente a tua falta.

E, pronto, acabou. Obrigada por seres tão boa ouvinte e por me deixares aquecer-me, é que aqui onde estou existe imenso gelo dentro de mim.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Old times...

Uns Tempos Depois


Uns tempos depois aprendes a diferença subtil entre
segurar numa mão e acorrentar uma alma,
E aprendes que o amor não significa dependência e
Companhia não significa segurança,
E começas a aprender que os beijos não são contratos
e os presentes não são promessas,
E começas a aceitar as tuas derrotas de cabeça erguida
e de olhos abertos, com o porte de um adulto,
e não a mágoa de uma criança,
E aprendes a construir os teus caminhos a partir do dia de hoje
porque o terreno do amanhã é demasiado incerto para fazer planos.
Uns tempos depois aprendes que o Sol queima
se for em demasia.
Portanto, planta o teu próprio jardim e decora a tua própria
alma, em vez de esperares que alguém te traga flores.
E aprendes que podes verdadeiramente continuar...
que és verdadeiramente forte,
e que tens verdadeiro valor.
E aprendes e aprendes...
com cada adeus estás a aprender

After A While

After a while you learn
the subtle difference between
holding a hand and chaining a soul
and you learn
that love doesn't mean leaning
and company doesn't always mean security.
And you begin to learn
that kisses aren't contracts
and presents aren't promises
and you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes ahead
with the grace of woman, not the grief of a child
and you learn
to build all your roads on today
because tomorrow's ground is
too uncertain for plans
and futures have a way of falling down
in mid-flight.
After a while you learn
that even sunshine burns
if you get too much
so you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone
to bring you flowers.
And you learn that you really can endure
you really are strong
you really do have worth
and you learn
and you learn
with every goodbye, you learn...




Verónica Shoffstaall

domingo, dezembro 03, 2006

À M.

Querida M.:

Saudações. Hoje tive que me ralhar, há semanas que te tento responder, mas ora estou demasiado contente, e me sinto demasiado viva para escrever, ora fico demasiado triste, e me encontro demasiado morta para suportar o peso da caneta.

Concordo em pleno contigo (bolas, tanto tempo para concordar) a única coisa que se pode dar como certa é que todo o ser humano nasce para morrer.

Saudades das nossas horas de voo, sem óculos ou ares rarefeitos, o sonho enchia-nos os pulmões, era o nosso combustível, para meio de transporte qualquer palavra nos servia ou raio de luz ou nuvem de escuridão, não importava e continua sem dar com que cuidar… O certo é que se voava e com ou sem tempo, com asas ou pedregulhos às costas lá íamos nós…

Quanto a «vida» e «transição», a vida é uma transição com muitas grandes e pequenas transições nela. Nem a água que corre no rio é sempre a mesma, nem o homem que se banha nela todos os dias se mantém igual. Mas que fique registado (hoje, que tomei o pequeno almoço para ter forças para te responder) que te apoio nessa tua rebeldia de mudar constantemente e serei a teu lado uma metamorfosista (abaixo a poeira assente, as águas paradas e o fogo que lavra sempre no mesmo tronco) com a consciência que não, não seremos nada, sejamos nós em nós mesmas é quanto basta para te admirar toda uma vida…

Provavelmente nunca te disse isto, mas mais uma vez ao ler o que me escreves, tive a sensação de que vais triunfar nesta pequena selva que é a vida, e sei que vais, porque és tu. Um dia, não sei quão distante, após umas quantas obras tuas lançadas no âmbito da política, da sociologia ou, da filosofia em alguma delas, vão lançar «As cartas de Mariana» e no meio de uns quantos nomes vai aparecer a xx do mês tal do ano y aquilo que me escrevias e talvez uma possível resposta minha, em que apenas vou ter direito a uma nota de rodapé, daquelas notas explicativas super engraçadas: Uma conhecida colega de escola de Mariana Figueiredo ponto (morreu ali a explicação) Tudo isto para te dizer o quanto gosto de te ler e das confidências rebuscadas que fazemos uma à outra.

É verdade (porque não é mentira) ontem fui à praia, cheirar o mar violento, espreitar o céu escuro (com a lua lá no alto, as nuvens) a areia molhada, lembrei-me de ti e do quanto gostas do mar…

Cá te aguardo pelos lados do costume com as lérias habituais…

Cumprimentos…