domingo, outubro 29, 2006

Chegara a hora de partir de um não-lugar sonhado para lugar algum real. Passaram a última noite juntos na Praia, aquela praia só deles, de areia roxa e vermelha banhada pelo mar cristalino.
Riram, choraram, relembraram as doces loucuras cometidas e os sonhos tontos não realizados, de dois inocentes jovens cujo crime foi amar, amar demais e sem limites, com a pureza de um bébé, a alegria de uma criança, a rebeldia de um adolescente...
Perdeu-se na neblina um suspiro. Ele agarrou-se a ela com todo o amor e força que podiam caber em si e disse:

- O que vou fazer? Sem os teus suspiros, o teu corpo quente, sem o teu silêncio...
- Tolo, antes queixavas-te dele...
- A verdade, é que uma pessoa acaba por se habituar...
- Eu também vou sentir a tua falta, saudades do teu sorriso, das tuas partidas, do teu ressonar...
-Dentro em breve, tudo isso passará, definitivamente, para o passado, é o fim!
-vê, antes, como um começo, um novo começo... E lembra-te que de alguma forma o passado reflecte-se e mantém-se no presente, tudo está ligado...
Teremos que nos abstrair da presença de uma ausência...
Vamos viver, o mundo é tão grande e nós somos tão jovens...
-Lembrei-me agora, como vais dar notícias, como saberei que estás bem? Como sacio as saudades?
- À noite, nesta praia, nos nossos sonhos, contar-te-ei as minhas aventuras e tu contar-me-ás
as tuas...
Está a amanhecer... Tenho de ir... Não te esqueças que atrás de tempo. tempo vem...
Levantou-se e partiu... Correu só para não haver o risco de voltar para trás e o outro ficou sentado a ver o seu amor partir...
"Quem parte leva sempre uma parte..."




Spirit of the sea

I took a walk along the shore
To clear my mind about the day,
I saw a man I'd seen before
As I approached he slipped away...

I knew his face from years ago,
His smile stays with me ever more
His eyes, they guide me through the haze
And give me shelter from the storm...

As I walk I can feel him,
Always watching over me...
His voice surrounds me,
My Spirit of the Sea...

He went away so long ago,
On a maiden voyage far away
A young man then I did not know,
His life was taken that same day...

And it was almost like he knew
He wouldn't see me anymore
He looked so deeply in my eyes, and said
"Wait for me along the shore..."

And so I come most every day,
To watch the waves rise and fall,
And as I sit here on the sand,
This ocean makes me feel so small...

But I feel my lover by my side,
And he makes me follow my own heart
We'll be together some sweet day
When that day comes we'll never part...
When that day comes we'll never part...


Há dias assim... Há vidas assim... Existem eu's assim... E existirão sempre...
Por agora despeço-me...



terça-feira, outubro 10, 2006

Fim do Dia
(No lado quente da Saudade)

Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro
Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir

Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado

O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar

O escuro lá fora incendeia as estrelas
As janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua

Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste

Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado

E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade


Dedico esta bela coisa que faz som a duas pessoas lindas:

Ao meu monstrinho das bolachas, como é óbvio, por seres o meu porto seguro, por me deixares ser louca à minha maneira quando estou contigo (por seres louco como eu...) por não te importares que fique tempos infinitos a miar mios sem sentido ou à chuva a tirar fotografias às gotinhas que caem, ficam e se somem... x) Morro de saudades suas...das suas riscas, vermelhas sobre preto ou pretas sobre vermelho? lalalala Os caracóis (fofos caracóis que tão deliciosamente permitem que eu os desmanche) Tenho saudades de te ver corar com aquilo que tu próprio dizes (ficas a condizer com a camisola) Sabes, assim, que te adoro...

À querida Marie, porque ainda havemos de voltar a voar as duas juntas numa qualquer hora de almoço pseudo-filosófica. Porque iluminámos os nossos dias cinzentos com aquelas horinhas em que ficávamos a cantarolar musiquinhas mudas, e lembrávamos a nossa colorida banda sonora de infância... Só para a menina, pali, por aqui, acolá e além deixo quatro****... Serei sempre uma gotinha de chuva estrelina a cair a seu lado...

terça-feira, outubro 03, 2006

Mais triste do que o que acontece...

Mais triste do que o que acontece
É o que nunca aconteceu.
Meu coração, quem o entristece?
Quem o faz meu?
Na nuvem vem o que escurece
O grande campo sob o céu.
Memórias? Tudo é o que esquece.
A vida é quanto se perdeu.
E há gente que não enlouquece!
Ai do que em mim me chamo eu!
Fernando Pessoa
Sem muito mais para dizer me despeço...