quarta-feira, setembro 30, 2009

Palavras amargas em papel doce

Não eras só tu. Depois percebi tudo, acordei e vi o panorama geral.
Também era eu, que ali estava. Na ânsia, impotência, na neurose.
Na merda de uma neurose que não fazes ideia, não fazes ideia porque ainda estás a dormir.
Deixaste-me acordar sozinha?
Abri os olhos e soube que estavas no passado. Porque é que foste sozinho?
Talvez eu pudesse perder-me contigo. (Queria) Podíamos perder-nos os dois. Com toda a certeza seríamos felizes mas tu estás a dormir.
Acordei sozinha? Podíamos ter o mundo (Tu, a mim, bastavas-me)
Podíamos morrer e voltar à vida juntos mas tu não acordaste.
Acorda. A neurose não passa e transforma-se em sede de vingança.
Vou matar-te o passado. Olha-me e vê a parte de mim que quer matar esse bocado teu. Ouve-me e, por favor, entende que só não o faço porque és tu.
É crime, não se deve perturbar um sono tão profundo.
És doce, eu às vezes azedo. És completo, transbordas de ti, em ti. E eu vazia, preenches-me. Não sou certa. Não te escreverei declarações amorosas em postais foleiros. Jamais serei cor-de-rosa. Apenas quero que me queiras e, acima de tudo, quero ver-te sorrir.
Estou à tua espera, abre os olhos e sorri.
Abre os olhos e sorri,
antes que seja tarde.
Acorda, abre os olhos mais cedo,
antes que eu deixe de estar aqui.