Antes que digas qualquer coisa, antes que penses sequer em barafustar qualquer coisa, deixa-me dar-te a conhecer o seguinte, escrevo-te não, porque te preciso mas porque tenho as mãos frias. Agora, podes nunca ler estas linhas, podes nem chegar a ver a tinta desta caneta mas deixa-me escrever-te:
Mas, já viste que há sempre um “mas”? Eu até podia gostar de ti mas tu foste, partiste, fugiste, despediste-te, ausentaste-te de mim, definitivamente, e enquanto te ocupas de todos esses assunto interessantes, eu, continuo aqui. Ao fundo do sofá, permanece ainda o bom Gatão servido bem fresco, que tu dizias acompanhar melhor qualquer mixórdia do que aquelas minhas tardes de amor, minhas sim, porque tu nunca as quiseste, sempre fizeste questão de nunca estar nelas e tudo. O leitor de DVD continua a piscar aquele simpático “olá” em ânsias para que carregue no botão, o tapete vai perdendo a cor de tanta espera e as pipocas no microondas deixaram de saltar devido à impaciência, ainda tenho por ali aquele bocadinho de mim que ainda aceitava que fingisses que o querias mais e mais que tudo, talvez ele, porque eu não, te aceite se o subornares docilmente.
O nosso amigo, sempre acabou por desistir de me tentar convencer de que te amava, e ainda bem porque não fazia qualquer sentido.
Tenho de te contar esta, o miminho, o gato palerma de pêlo caramelo farfalhudo deixou de ter medo da trovoado e do fogo de artificio e incrivelmente sente a tua falta.
E, pronto, acabou. Obrigada por seres tão boa ouvinte e por me deixares aquecer-me, é que aqui onde estou existe imenso gelo dentro de mim.